Postado por poscardio em 26/abr/2017 - Sem Comentários
Segundo estudo do Ministério da Saúde divulgado pelo O Globo de 18/04/17 (http://g1.globo.com/bemestar/noticia/obesidade-atinge-1-em-cada-5-brasileiros-aponta-pesquisa-do-ministerio-da-saude.ghtml), quase um em cada cinco brasileiros sofrem de obesidade, uma doença grave, porém ainda muito negligenciada. Nos últimos dez anos, o número de obesos aumentou 60% e, no município do Rio de Janeiro, a proporção de obesos é ainda maior do que a média do país, o que vem causando preocupação entre médicos e autoridades de saúde. Atualmente, a cidade tem os maiores percentuais de diabéticos e hipertensos do país. De fato, mais da metade dos adultos que vivem em capitais pesa mais do que deveria.
Para a professora Denise Mafra, docente da Faculdade de Nutrição e da Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da Universidade Federal Fluminense, os índices de obesidade estão crescendo absurdamente, levando os indivíduos a desenvolverem várias doenças crônicas. “Pode ter havido aumento no tempo gasto com exercícios físicos e ingestão de frutas e hortaliças, confirme afirma a reportagem, porém temos que enfatizar que a população está comendo alimentos de baixa qualidade nutricional e de alto valor energético, o que contribui enormemente para os altos índices de obesidade”, explicou.
Na realidade, as pessoas estão ingerindo mais calorias, ao passo que o gasto de energia está diminuindo. O problema, segundo a matéria publicada, é que as pessoas de baixa renda demoram até três horas para chegar e voltar do trabalho, comem de pé e apressadas e só conseguem ter acesso, basicamente, a comidas menos saudáveis, que são mais baratas. Por isso, muitas vezes, as atuais campanhas que promovem educação física e qualidade de vida não são eficazes. É preciso que haja as condições ambientais necessárias para transpor as barreiras entre a ação e a informação. Segundo o Prof. Jonas Gurgel, Coordenador do Laboratório de Biodinâmica e docente da Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da UFF, somada à carência de informação está a falta de condições mínimas para promover a saúde, tais como: a falta de tempo (devido a longos deslocamentos e a precarização das condições de trabalho), a carência de espaços adequados à prática de atividade física, a insegurança, a inacessibilidade e o alto custo associado de possuir hábitos de vida mais saudáveis.
“A alimentação baseada em uma alta ingestão de carboidratos tem um papel importante no agravamento deste quadro. O que somado a outros fatores (sedentarismo e propensão genética a desenvolver resistência à insulina), por um considerável período de tempo (vários anos), acaba por desenvolver, entre outras doenças, a hipertensão e/ou diabetes. Neste cenário, o Rio de Janeiro apresenta um agravante que está relacionado ao fato de ser a capital, em termos relativos, com o maior número de idosos do Brasil, o que contribui para esse quadro”, destacou.
De acordo com o professor Wolney de Andrade Martins, docente do Departamento de Medicina Clínica e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da UFF, “as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que englobam, sobretudo, as doenças cardiovasculares, o Diabetes mellitus, o Câncer e as doenças respiratórias crônicas, aumentaram em incidência, prevalência e impacto na morbimortalidade, responsáveis por mais de 70% da mortalidade no Brasil”. De fato, o crescimento da hipertensão arterial e a obesidade constituem fatores de risco para as DCNT, por isso, o professor chama a atenção para a importância de ações de prevenção integrada para a redução dessas doenças.
“As medidas de enfrentamento incluem mudanças legais e governamentais, tais como legislação mais restritiva à adição de sódio e gorduras aos alimentos industrializados; advertências do conteúdo nutricional e campanhas de estímulo ao exercício físico. Muitas delas carecem de aprovação no Congresso Nacional e sofrem com interesses comerciais”, enfatizou. Além disso, por conta da violência crescente no município do Rio de Janeiro, cada vez menos pessoas conseguem se exercitar ao ar livre.
Segundo o Prof. Jonas Gurgel, para que a atividade física se torne uma estratégia eficaz no combate a esses quadros, esta deveria ser realizada em associação com uma estratégia dietética de redução de ingestão de carboidratos. “É eminentemente necessário o uso de estratégias não pontuais, que promovam, de maneira combinada, diferentes hábitos de vida saudável (alimentação, atividade física, entre outros). Apenas assim, as abordagens serão eficazes na redução da incidência de doenças como hipertensão e diabetes, focando a promoção e a prevenção da saúde, em detrimento de uma abordagem de tratamento da doença”, explicou.
Apesar de haver algumas atitudes societárias e de entidades não governamentais relevantes, essas atitudes não se contrapõem à magnitude do problema que, para o Prof. Wolney de Andrade, vai além da matéria publicada pelo O Globo. “O sobrepeso e a obesidade na criança e no adolescente também são emergentes e se relacionam com as DCNT. Faz-se necessário implementar política nacional efetiva, com participação governamental, da academia, e de toda a sociedade civil organizada, para o enfrentamento da obesidade, alimentação inadequada, tabagismo, diabetes mellitus, álcool, sedentarismo, entre outros”, adverte.
Entretanto, algumas mudanças positivas foram identificadas a partir da pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, como a instituição de um grupo de trabalho para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, algumas mudanças positivas foram detectadas nos hábitos alimentares dos entrevistados, como a diminuição no consumo de refrigerante e suco artificial. A queda no consumo desses alimentos não pode ser percebida em curto prazo mas, segundo especialistas, poderá trazer ganhos para a saúde no futuro.
A Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares é uma das pós-graduações stricto sensu recomendadas pela CAPES e tem curso de mestrado e doutorado. Entre as suas principais linhas de pesquisa destacamos a fisiologia integrativa cardiovascular, farmacologia, epidemiologia dos fatores de risco cardiovasculares, função endotelial entre outras. Mais informações no link www.poscardio.sites.uff.br
Prof. Wolney de Andrade Profa Denise Mafra Prof. Jonas Lírio Gurgel
Infográfico publicado no site da ANS.
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http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_assunto/2015_vigitel.pdf
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